ai como é belo

 

à luz da lua
ouvir-se um fado em plena rua 
sou cantador apaixonado
vibrando as cordas
a cantar o fado.

Assim se cantou na noite de fados do Porto de Abrigo. Podemos dizer que o jantar estava óptimo, que os fadistas e guitarristas convidados eram extemamente talentosos, que as sobremesas eram divinais e que o nosso serviço, que não é profissional, foi mais que perfeito. As pessoas estavam em casa, contentes por cá estar e por receber os seus familiares. 

No fim da noite, além dos inúmeros agradecimentos dos familiares, recebemos a melhor recompensa de todas, a evidência de que estamos a conseguir o que nos propusemos com a abertura de um lar de idosos: o nosso Porto de Abrigo é uma casa acolhedora onde as pessoas se sentem bem e vivem felizes, uma casa com pessoas especiais a trabalhar e a cuidar diariamente com o coração...  

Nos rostos da equipa de trabalho do Abrigo era evidente a ternura e a alegria de fazer parte de um momento feliz. Foi disso que se tratou: proporcionar um momento feliz. Terminamos com uma certeza: a noite de fados está a enraizar-se como uma tradição do Porto de Abrigo. Uma tradição quase solene... porque à luz das velas e em silêncio partilhamos a beleza da nossa memória colectiva, da nossa música. Na noite de fados do Porto de Abrigo criamos boas recordações. Sem qualquer dúvida, para o ano há mais!

que desfolhada!

Isto de desfolhar tem muito que se lhe diga. 
Há que semear o milho. Há que o cuidar.
Quando o milho está seco, é preciso apanhá-lo. Cortam-se as canas.
Constróem-se moreias.
Há que estar vestido a rigor. 
Desfolham-se as espigas ao som das cantadeiras.
Enchem-se os cestos.
Aparece uma espiga vermelha, todos sabem é o "milho rei"...
Há abraços a quem desfolha. Antigamente era uma das poucas alturas em que aos rapazes namoradeiros era permitido abraçar as raparigas...
Não há desfolhada sem serandeiro. Escondido pelo manto e pelo silêncio com que se envolve, faz-se anunciar pelo ramo de cheiro. Ninguém sabe quem ele é. Diz-se que era alguém que aproveitava o pretexto da desfolhada e do disfarce para conseguir falar com a sua amada... 
Embora possa parecer uma festa, como tarefa agrícola a desfolhada é um trabalho duro e cansativo. Deve ser por isso que a tradição obriga a que haja também música, boa disposição, bailarico e, claro, vinho e broa.
Recolhe-se a folhagem.
Guarda-se o milho.

No Abrigo, temos a sensação que a desfolhada passa num sopro... restam-nos as fotografias que ficaram mesmo giras!

são joão

No nosso São João, não saltamos fogueiras mas lançamos balões.

Preparar a sardinhada do Porto de Abrigo foi uma verdadeira azáfama: leva, traz, levanta, pousa, dentro, fora, para cima, para baixo, põe, tira, abre, fecha, telefona, confirma, quilos, números, pessoas, música, arruma, limpa, vai chover? não vai chover, carrega, descarrega… festas!!! Preocupação e mais preocupação, muito trabalho, esforço de várias pessoas… resumindo… um “stress”.

Não nos interpretem mal. Não nos estamos a queixar! O Porto de Abrigo é uma casa que gosta de receber, que recebe bem e onde as pessoas querem estar e regressar porque se sentem bem. Criar um momento especial que possibilite a um filho guardar recordações e memórias da sua mãe feliz é um enorme privilégio!

A sardinhada do Porto de Abrigo foi assim: sorrisos, risos, palmas, cantigas, olhares atentos, sardinhas, sangria fresquinha, boa disposição e muita ternura…

Sentimos as pessoas bem, residentes e familiares.

“Obrigada, um beijo, está muito bom, gostei muito, um abraço…” palavras e gestos muito importantes para quem os recebe – alimentam a alma e dão alento. Percebemos que vale a pena… vale a pena para sentir as pessoas felizes, para estreitar laços, para viver momentos bons, para criar recordações.

Ao Carlos e à Alice, pela mestria a assar, pela disponibilidade para ajudar;
A quem com a sua voz e boa disposição animou esta noite;
o nosso sincero agradecimento.

A todas as pessoas que se disponibilizaram, que contribuíram, que ajudaram, que deram de si… que se dedicaram, que se empenharam… a entrega sentiu-se e o nosso São João foi especial.

Muito bom!

 

tejo

 

Este é o Tejo. O Tejo vive cá em casa há quase um mês. Estava numa ponte à espera de quem lá o deixou. E quem lá o deixou não voltou para trás. A história do Tejo começa por ser triste mas, o que hoje temos para contar é uma história feliz.

Durante os primeiros dias cá em casa, o Tejo não falou. Quer dizer, ladrou... A nossa análise psicológica especializada em comportamento animal permitiu-nos concluir que seria resultado da enorme mudança que ele estaria a passar. Se calhar, havia ali alguma timidez face à quantidade de pessoas que lhe queria fazer festas. Nada de anormal.

Quase um mês depois, o Tejo já está completamente integrado nas nossas vidas. Ladra consideravelmente quando vê estranhos. Já corre livremente quando o soltamos para esticar as patas em passeios dentro do Abrigo. No Porto de Abrigo, é uma companhia para aqueles que o procuram. Para as crianças da creche... é o TEJO!!!!

Um animal de estimação numa instituição não é nenhuma novidade. Para nós, está a ser uma enorme alegria. E, parece-nos, que para o Tejo também!

silêncio

...que se vai cantar o fado!

O Porto de Abrigo é uma casa grande. Uma casa onde vivem pessoas muito diferentes umas das outras, com experiências de vida singulares, com expectativas e interesses distintos.

Por vezes, o que as une é o facto de partilharem a mesma casa e, como certamente podem imaginar, nem sempre é fácil… mas, a verdade é que a casa é de todos e queríamos reunir residentes e familiares, proporcionando um momento agradável para todos. Um momento que todos pudessem efetivamente apreciar.

O segredo, segundo a sabedoria popular, passa por boa mesa, boa música e boa companhia.

Assim fizemos.

A apreciação da música que nos caracteriza como povo seria certamente capaz de unir, de forma agradável, várias e diferentes pessoas.
Sim, foi o fado que nos juntou.

O silêncio que se faz para cantar o fado é grande. É mágico. Silencia vozes, mas acentua o bater do coração.

No Porto de Abrigo, acreditamos que a partilha de bons momentos aproxima as pessoas. Momentos felizes que todos podem recordar.
Foi assim com a noite de fados do Porto de Abrigo: um momento especial e um momento para recordar.

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