são martinho é ter a casa cheia

Imaginem que convidam a vossa família mais próxima para almoçar. Imaginem que põem a mesa e a vossa família vai chegando, vai sentando, vai estando. Entretanto o almoço fica pronto e sentam-se à mesa, entre conversas. E olham à vossa volta e reparam que a vossa família é composta por mais de 60 pessoas. Organizar um almoço assim é quase uma loucura logística... 

No Porto de Abrigo, o almoço de São Martinho foi uma loucura logística feliz. Recebemos as famílias para almoçar num dia muito bonito, com cheiro a castanha assada. O nosso esforço sabe-nos muito bem quando as pessoas reconhecem o quanto é importante para elas poder estar desta forma, em família, em festa. Porque o Porto de Abrigo é um lar, um lugar de vida, onde há dias de festa, dias de ternura.

 

a música e o seu incrível poder

 

No Porto de Abrigo, a música faz parte de nós: em vários momentos do dia é frequente ouvir António Zambujo, Carminho, Amália Rodrigues, Carlos do Carmo, Tony de Matos, entre outros; uma manhã por semana recebemos um dos nossos voluntários e o seu acórdeão e quando fazemos festas com as famílias... há sempre momentos musicais. A música é importante para nós mas, só recentemente nos deparamos com o seu poder e potencial. Passamos a explicar:

O Porto de Abrigo está a participar no projeto "A Casa vai a Casa", um serviço de música ao domicílio da Casa da Música, concebido para grupos que não podem deslocar-se à Casa da Música sob o lema "Convidem-nos que nós vamos". O que está a acontecer em cada sessão é extraordinário! Vemos pessoas a tocar violino imaginário e a levantar os braços como nunca o fazem, a tocar piano imaginário, a marcar o ritmo, a vibrar, a cantar, a trautear... com o entusiasmo e dedicação que se tem quando as limitações da saúde e da idade não fazem parte das preocupações. 

Nada do que observamos nas sessões dinamizadas pelos formadores da Casa da Música é mágico. No entanto, estes senhores fazem magia. Uma magia que se consegue encontrar explicada cientificamente na literatura relacionada com a música e com a neurociência: 

1 - A música gera interações auditivo-motoras no cérebro de quem executa e no de quem ouve: pessoas com doenças neurológicas beneficiam dessas interações auditivo-motoras, como é o caso de pacientes com doença de Parkinson, que, apesar da dificuldade de locomoção, conseguem, por meio da música, adquirir um andar mais fluente. Além disso, esses pacientes conseguem dançar ao ouvir música, o que indica o envolvimento de áreas cerebrais relacionadas ao movimento com a simples audição de música (THAUT et al., 2001). Esse efeito estaria relacionado com a ativação de circuitos automáticos de movimento, normalmente perdidos durante o processo degenerativo da doença. O que se argumenta é que os circuitos que normalmente envolvem as áreas relacionadas com a locomoção vão perdendo sua função. A música, no caso, atuaria como um agente diferente ao normalmente utilizado nas tarefas motoras.

2 - Apesar da música e da linguagem utilizarem os mesmos parâmetros do som para a sua organização sonora... a música e a linguagem são processadas de forma independente no cérebro. Esta afirmação é evidente no caso das pessoas com afasia, que mantêm a capacidade de cantar e de reconhecer música, embora tenham dificuldades na fala (ZATORRE; CHEN; PENHUME, 2007).

3 - A música é inseparável da emoção. Através da música é possível criar uma conexão com as pessoas. Quando se vive em luta com os próprios pensamentos, com os medos, angústias, confusão e ansiedade... a música provoca emoções prazerosas, consegue-se entender o que é, não se pensa noutra coisa, não se sente dificuldade. Um estudo conduzido por DRAPEAU et al. (2009) avaliou o reconhecimento de emoções em faces, voz e música por pacientes com Alzheimer. Os resultados mostraram que os pacientes perdiam somente a capacidade de reconhecer emoções em faces, mantendo a capacidade de reconhecimento de emoções em vozes e música.

4 - Não se sabe por que razão a música facilita a aquisição de memória. A existência de pacientes com demência que se esquecem de fatos da própria vida, mas são capazes de cantar canções da infância de cor indica que, se não é especial, a memória para música é, ao menos, diferente da memória para fatos e imagens do quotidiano.

E agora? Agora, somos fãs!!! A Casa vai a Casa é um projeto extraordinário, que nos trouxe uma nova forma de ouvir música: não é só entretenimento ou banda sonora, é instrumento que dá vida! 

quadras de são joão

 

Chove... não chove? 
Mesas dentro? Mesas fora?
Lá fora! O S. João é ao ar livre! 
Toalhas. Cadeiras. Pratos.

Cozinha. Sobe. Desce.
Lavandaria. Sobe. Desce. 
Isto não é chuva... é orvalhada de S. João! 
Fogareiro. Carvão. Sardinhas. Sal.

Convidados. Abrir a porta. Entrar. Chegar.
Abraços. 
Sardinhas. Broa. Sangria. Sardinhas.
As palavras dos que nos são queridos.

Os nossos risos e os risos dos outros.
O som das conversas.
Afinal estamos bem cá fora. E não está a chover.
Cheirinho a café.

S. João que é S. João tem guitarra e acordeão.
S. João que é S. João tem balão. E quando ele sobe... muita emoção!!!

O nosso S. João é o melhor do mundo.
É o nosso.
São dias como estes que nos fazem grandes,
dias em que criamos memórias de momentos felizes.

Agradecimentos
No nosso S. João, o protagonista não é a sardinha.
O protagonista, sem o qual para nós não havia S. João, é o Carlos: o especialista na arte de assar! Muito obrigada!!!
Aos elementos da Associação Cultural e Desportiva da Lavandeira que nos trouxeram acordeão e música no coração. Muito obrigada!!!
Às famílias que aceitaram o nosso convite e nos presentearam com a sua presença e boa disposição. Muito obrigada!!!
A todos os colaboradores do Porto de Abrigo, da cozinha, da lavandaria e do economato um obrigada muito, muito especial. Ao longo do dia foram incansáveis! Sente-se quando o empenho e a dedicação são genuínos. Sente-se quando se cuida com o coração. Obrigada!!!

a nossa casa no mapa

 


A nossa casa foi o palco para a realização de um vídeo de apresentação da filosofia Humanitude do Instituto Gineste-Marescotti Portugal. Este vídeo surge no âmbito do Mapa de Inovação e Empreendedorismo Social (MIES), um projeto de investigação cujo objetivo é mapear iniciativas de elevado potencial de empreendedorismo social no Norte, Alentejo e Centro do País utilizando como base na metodologia ES+.


Parabéns ao IGM-Portugal que, entre mais de 4000 iniciativas sinalizadas, foi reconhecido e distinguido como uma das iniciativas com maior potencial de impacto social. Agradecemos ao IGM ter pensado na nossa casa. É com imenso orgulho que ouvimos as nossas pessoas e vemos o nosso Porto de Abrigo... é tão bom!

fomos ao teatro

No nosso Porto de Abrigo, o Preço Certo é um sucesso de audiências. Talvez seja digno de uma análise sociológica mais profunda... um programa cujo formato é extamente o mesmo há anos e anos, telespetadores fidelizados e um apresentador querido e adorado pelos fans. Soubemos que o Fernando Mendes estava no Teatro Sá da Bandeira com a peça Caixa Forte.

Como não podia deixar de ser, o verdadeiro fã é aquele que não perde a oportunidade de, ao vivo e a cores, manifestar o seu apreço. E assim, numa tarde de domingo apanhamos o comboio e fomos ao Porto ver o Fernando Mendes. A verdadeira estrela reconhece a importância dos seus admiradores e com a boa disposição que o caracteriza, veio ao nosso encontro, em plena rua Sá da Bandeira, prestigiar-nos com um abraço, um sorriso e o privilégio de uma foto. Sim! Comprovado! Uma experiência inesquecível!

Aos voluntários e aos familiares dos nossos residentes que nos acompanharam nesta aventura, o nosso sincero reconhecimento por nos ajudarem a criar mais um momento feliz.

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