o nosso primeiro poster

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A equipa da creche do Abrigo esteve presente no II Seminário Espaços para a Infância, promovido pela Associação Nacional de Intervenção Precoce (ANIP). O Seminário Espaços para a Infância teve como principal objetivo evidenciar o envolvimento, a escuta ativa e as aprendizagens significativas que ocorrem nos espaços exteriores, com crianças dos 0-3 anos, justificando assim a importância destes contextos no desenvolvimento global de cada criança. O Abrigo participou com um poster, "cheirinho a terra molhada", que retrata um projeto desenvolvido com as crianças da creche no espaço exterior do Abrigo. As crianças trabalharam a terra, plantaram, cuidaram e regaram. Depois de colhidos os legumes, saboreá-los no prato tem um gostinho muito especial.

Parar para pensar no que se faz e ouvir outras experiências é fundamental para crescer. Porque é impossível fazer diferente e melhor se não olharmos em volta... Participar neste seminário foi muito importante para a motivação da nossa equipa. É também nestes momentos que percebemos que estamos no bom caminho, que trabalhamos bem e que juntas somos EQUIPA! Valeu a pena!

era para ser, mas...

Nos últimos dois meses preparámos um encontro dirigido a profissionais que trabalham com pessoas idosas sob o tema "lar doce lar - ser feliz a trabalhar em lar de idosos". Queríamos um dia a ouvir as coisas boas que se fazem na nossa área de trabalho. Porque sobre as teorias e questões técnicas há muita gente a falar. Sobre experiências de sucesso, soluções inovadoras, o dia a dia... nem por isso. Tínhamos a certeza que ia ser um dia inesquecível.

Mas, efetivamente, o número de pessoas que se inscreveram não foram as suficientes para realizar um encontro no formato que pretendíamos. E, como tal, resta-nos informar que o "lar doce lar" foi cancelado. O sabor é amargo, quando sentimos frustração de não conseguirmos concretizar ou atingir algo que desejávamos. O que podemos aprender com o fracasso? São várias as teorias conceptuais sobre a importância de continuar a tentar, que vale sempre a pena, que é a forma como nos levantamos quando caímos que nos distingue, que é determinante etc, etc, blá, blá, blá… Mas, não é com lugares comuns que vamos encontrar consolo.

Fracassar é uma chatice, um desconsolo, e ninguém gosta! São horas de trabalho em vão, expectativas defraudadas, tentar perceber o que falhou, encontrar a explicação… É uma grande chatice! Era agora que supostamente contrariávamos esta ideia pessimista e devassadora com a importância de tentar, de arriscar, de fazer diferente, era não era? Pois, mas não vai ser. O fracasso doí. E assim termina o encontro que nunca aconteceu.

O dia 20 de Maio será para nós mais uma quarta-feira do mês de Maio. Uma outra quarta-feira em que vamos continuar a cuidar das pessoas para quem o Abrigo é uma casa fora de casa. Porque é para isso que cá estamos. Agora... vamos lá trabalhar.

tem 5 minutos?

Talvez sim. Pensando bem, coisa que não nos falta são 5 minutos. Difícil é decidir como usá-los da melhor maneira, sem ficar assim com a ideia de que foi tempo perdido. Se bem que era mesmo isso que lhe queria pedir, 5 minutos para se perder, a pensar sobre as pessoas felizes.

Lembre-se das pessoas felizes que conhece. Em 5 minutos talvez não lhes descubramos todos os truques que guardam debaixo da pele de pessoas comuns. Mas podemos levantar uma pontinha do véu e espreitar para nos inspirar.

Agradecer (v. Reconhecer. Retribuir). As pessoas felizes vivem a agradecer.

Demasiado evidente, poderá pensar. Mas o valor das coisas importantes está na maioria das vezes na sua simplicidade. Agradecer é isso mesmo: uma forma simples de dizer quão importante para a felicidade é reconhecer e retribuir.

Nem sempre o caminho que seguimos é certo, muitas vezes nem sabemos onde vai dar. Outras percebemos que queremos mudar de meta. Ou escolhemos antes um caminho diferente e é tempo de voltar atrás e recomeçar. Às vezes temos dúvidas, medos, ânsias. Em certos dias o entusiasmo é difícil de controlar. E desilusões, quando surgem, custam a passar.

Com as pessoas felizes, também é assim, afinal são pessoas comuns. Mas nunca se esquecem de agradecer. Partem do bom princípio de olhar ao redor, com olhos de ver. E às tantas torna-se natural reconhecer e retribuir, assim como uma forma de estar…e de ser, mais feliz.

Qual a melhor forma de tornar um hábito realmente natural? Praticar. Connosco, em primeiro lugar. Se chegou até aqui quem sabe se não irá experimentar: guardar 5 minutos do seu dia para reconhecer e retribuir algo de bom. Por outras palavras, agradecer. Escreva sobre isso, todos os dias. Acredite que pode ser transformador.

Marta Faria

da liberdade de pensamento

Ser livre? É “poder fazer tudo o que quiser”.

Há, de verdade, um impulso irresistível para associar a liberdade individual às circunstâncias de uma vida: mais ou menos dinheiro, mais ou menos saúde, mais ou menos responsabilidades…mais ou menos uma série de condições que nos garantem a liberdade de podermos fazer tudo o que quisermos. Aparentemente. Algo interessante acontece ao perguntar a quem diz ser livre o que quer então fazer. Não é pouco comum o levantar de sobrancelha como quem fica à procura da resposta…um certo desconforto por não ter na ponta da língua todos os pontos da lista de desejos pessoais ou por sabê-los um a um desencantadamente por concretizar…parece-lhe familiar? Não se acanhe, já todos passamos por isso. E já agora, isso, tem muito pouco que ver com liberdade, é apenas consequência de percebermos que não controlamos todas as coisas ao nosso redor. Mas voltemos à questão principal.

Ser livre é “poder pensar tudo o que quiser”.

Pensamento é liberdade: um constante vou ali e volto já (sem sair daqui, agora, e sempre que me apetecer). À primeira vista, pode parecer uma conquista muito pouco importante. Mas não é. Vamos testar? Imagine um daqueles dias, ou se lhe bastar, um daqueles momentos «quero-ir-para-a-ilha». E imagine que, no meio do caos, surge um pensamento que lhe dá alento e energia para continuar – a razão pela qual é importante o que estou a fazer, as pessoas que vou rever quando chegar ao fim, o que vou sentir depois de perceber que sou capaz de resolver.

Mudou alguma coisa? Provavelmente sim. Transformou a sua atitude num contexto que permaneceu igual. Ficou tudo resolvido? Provavelmente não, mas deu uma ajuda. Quando «quero-ir-para-a-ilha» qualquer ajuda é bem-vinda. Nada é maior do que o nosso pensamento. Nada nos leva mais longe ou mais fundo. Nada nos torna mais seguros do que sabermos o que pensamos. Nada nos dá mais confiança do que pensarmos antes de decidir. Nada nos faz mais únicos do que termos uma ideia própria, com a vantagem de se poder guardar para nós ou partilhar só com quem se quiser.

Marta Faria

lar doce lar

Trabalhar em lar de idosos não é fácil. É necessário saber criar relações de confiança, gerir expectativas, responder a necessidades. Trabalhar com pessoas idosas é um trabalho complexo: por um lado, são exigidas aos profissionais elevadas competências pessoais, de relação e comunicação. Por outro lado, são exigidos conhecimentos teóricos em áreas diversas e a capacidade de recorrer a técnicas e metodologias de trabalho específicas. Para trabalhar com pessoas idosas não basta ter "habilidade", é fundamental saber fazer.

Com a organização deste encontro pretendemos refletir sobre as práticas de trabalho em lar de idosos. Pretendemos valorizar os profissionais que diariamente dão o melhor de si. Pretendemos também partilhar dificuldades e alegrias do nosso dia a dia... para aprender, para fazer melhor, para ser feliz a trabalhar em lar de idosos.

Esperamos por si!

antigamente é que isto era bom?

Caía a chuva numa noite de sexta-feira, treze.
 
Superstições à parte, dentro de portas a conversa seguia muito de acordo com o tempo que se ouvia lá fora, a provar que às vezes a vida anda de tal modo desafinada que nos enfeitiça o pensamento com ideias grisalhas: «então, mas antigamente é que isto era bom? É isso?». Talvez não seja bem isso. Talvez cada antigamente devesse ficar escrito em mil e um contos, para nunca se perder até se perceber, ponto por ponto. Como uma base de dados sobre a vida, pronta para consulta em caso de dúvidas existenciais.
 
A parte boa é que no mundo real há um saber de experiência feito a correr, de boca em boca, como manda a verdadeira tradição. Trata-se da herança de uma vida inteira a aprender, primavera após primavera. Um saber que não ocupa lugar, à solta e à espreita dos que o queiram conhecer e que muito ajuda a entender que o nosso mundo não está nem melhor nem pior. O nosso mundo está diferente de antigamente, não houvesse fome que não desse em fartura. E como andamos fartos: do “frio” e do “correr”, da “má sorte” e do “tanto querer”, do “andar sem poder” e do “tem de ser”. Se ao menos nos lembrássemos que podemos escolher… Escutar os velhos pode ajudar. Como numa brincadeira de crianças em que aprendemos com as suas histórias o que é isto de viver.
 
«O mundo ideal não existe, só o mundo de cada um, as ideias de cada um. E é isso que vale, mas é preciso haver respeito e compreensão. As pessoas deviam dar mais valor ao que é importante porque no fim de contas é o que fica. O resto é ilusão.» E o que fica? Um abraço apertado, uma mão a aquecer o coração, um beijo sem contar. Um sorriso de «bom dia» e um «olá, estou aqui» num olhar. Um colo para acalmar a dor, uma alegria partilhada, uma brincadeira improvisada. Uma palavra amiga, uma lição para a vida. Não custa nada.
 
Devia experimentar. Vai ver que vai gostar.

Marta Faria

se é para falar de amor

Que seria dos meses que nos enchem os anos sem dias “disto e aquilo” para contrariar o hábito de esquecermos quão especial é cada um. Sim, todos os dias são mesmo especiais. Um exemplo? Perguntar pelo último Natal e… «o Natal é isto, no dia-a-dia, estarmos assim. Mas correu bem, o Natal».

 

Pois é, a vida é de viver a sentir. E sentir não vem com data marcada. Mas depois também há a vida de viver a correr. E então talvez seja preciso quebrar a rotina, só para garantir que ficamos de olho no que realmente importa. De maneira que nem parece mal pensado haver dias “disto e aquilo”, a não ser que os tenha de haver no calendário para avisar de guardar tempo para sentir. Nesse caso mais vale deixar de correr, em vão.

Gosto da vida de viver a sentir, como se fosse uma espécie de coleção particular de memórias sem data de entrega e prazo de validade, onde é sempre Natal. Portanto costumam passar ao lado datas comemorativas de produção em série. Mas saindo à rua já se vê que é Fevereiro. Vamos lá a isso. Se é para falar de amor, comecemos pelo próprio.

Não se zangue o padroeiro nosso, mas o Saint do amor poderia bem ser Exupéry. Não que o amor se aprenda em livros cor-de-rosa. Antes pela história de um principezinho e da simplicidade com que se ensina o que é isso do amor: do tempo que se constrói desde o conhecer até ao encantar, da partilha que transforma o esperar em confiar, do todo que é mais do que a soma das partes. O amor começa em nós, por nós. Leva-nos dentro, de verdade, a descobrir-nos cada canto e aceitar-nos imperfeitos, sem pressas. Não faz mal ter arestas tortas, que o puzzle há-de encaixar-se de algum jeito. Verdade que peças mais pequenas levam mais tempo a fazer sentido, mas são as que juntam mais detalhe e por isso, ao encontrar o lugar certo, se apreciam melhor. Tal qual a sombra secreta que somos quando o sol nos espreita de fugida. Certos dias nem nós a vemos, mas tudo bem, que o sol há-de voltar, uma e outra vez. Mais a mais, o que nos é único não é para se andar assim, sempre a mostrar, não vá se perder.

E o amor cura, se o soubermos seguir. Mais ou menos como no filme do pirata que se aventura em busca do tesouro que não foi escrito nos mapas. Nem precisa, porque tem uma bússola. A bússola. Guiada pelo norte do coração. Tentamos? Basta parar, aqui e agora. Fechar os olhos, para ver por dentro e encontrar(-se). E seguir por aí, onde o nosso amor estiver.

Marta Faria

resoluções de ano novo

Primeiro regresso-a-casa-depois-de-um-dia-de-trabalho do ano, na companhia da rádio de sempre, e uma voz familiar: «Vá, conte lá, já quebrou alguma resolução de ano novo? Nesse caso...não se preocupe, elas existem para isso mesmo!»

Sim, não se preocupe, sobretudo se não as pensou, se não as escreveu, se não as partilhou. As típicas resoluções de ano novo, tão de costume quanto as badaladas contadas em passas, mão na nota e brinde a pular da cadeira. Nada contra as tradições, muito pelo contrário, delas reza a história que é de todos nós. Só não a história que é só nossa.

As resoluções geralmente começam com balanços. E se um fim de ano não dá que balançar...depois vem o impasse de ir ou ficar, que é como quem diz, o medo e a dúvida entre não fazer nada ou mudar. Claro está, a entrada em grande de um ano a estrear dá o empurrão à vontade de agir e de lá surge a resolução. Este ano quero. Este ano tenho de. Este ano vou.

Aos atrevidos, boa sorte. Aos outros, um truque. Menos importa o que escolhemos conquistar, mais vale na verdade a transformação que ocorre em nós enquanto percorremos o caminho até lá chegar. Um fim de ano é tempo apertado para travar e vencer o braço de ferro com o que há muito não está bem e nunca se diz a ninguém. Assim de repente o entusiasmo pode ter prazo nem de seis meses e está perdida a luta… Porque não experimentar antes a liberdade de dar a mão ao que pode ser melhor em cada dia, nesse balançar que se chama equilíbrio? Lembrar que o que pode ser melhor já começou, lá trás, na vida, e cá dentro, em nós. É questão de sentir e acreditar. As verdadeiras resoluções não se quebram porque acontecem assim, em cada despertar, quando se decide em voz baixa e coração ao alto o que é importante continuar a fazer para chegar mais perto de quem se descobre ser.

Sem resoluções, com votos de transformação, bom ano.

Marta Faria

as reflexões da marta

Tradicionalmente, o início do ano inspira os novos projetos. Lançámos um desafio à psicóloga do serviço de atendimento e acompanhamento social para, mensalmente, publicar um pequeno texto inspirador. Com que objetivo? Promover a reflexão sobre a vida, o trabalho, as relações, as pessoas, os sentimentos... de forma positiva e construtiva. Principalmente, de forma real e sem grandes fantasias. 

Porquê a Marta? Porque a Marta tem um dom: o de escrever com alma. As histórias de vida do felizidade foram escritas pela Marta. Naquela altura, uma participação voluntária; hoje a Marta integra a equipa de trabalho do Abrigo. E sim, já sabíamos que ao desafio lançado, a resposta seria positiva. É com orgulho que apresentamos as "Reflexões da Marta" e que as partilhamos. Porque o que é bom, partilhado, torna-se melhor! 

A primeira reflexão da Marta é sobre as resoluções de ano novo. Se espera uma lista de coisas saudáveis a fazer, uma receita milagrosa, considerações sobre um mundo bonito, mágico e cor de rosa... não pense nisso. Os textos da Marta têm uma característica única: são reais. Falam da vida e das pessoas, do dia-a-dia e do que nos é comum. As reflexões da Marta são sobre um mundo que nos é familiar. Convidamo-lo mensalmente a acompanhar as reflexões da Marta na página do Felizidade. Vai ver que vai gostar. 

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